Uma parceria entre três vinculadas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) levou ao desenvolvimento de uma coletânea com 100 experiências de Tecnologia Social (TS) na Amazônia. O material foi lançado durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém (PA).
A obra, que faz parte do Programa Tecnologias Sociais Sustentáveis para Amazônia – Agenda 2030, do MCTI, contou com a cooperação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). A coletânea completa pode ser adquirida gratuitamente por meio deste link.
Ao todo, o trabalho mapeou experiências de Tecnologias Sociais autodeclaradas em sete grandes áreas de atuação: Agricultura Familiar, Piscicultura e Extrativismo; Conservação Ambiental e Manejo de Recursos Naturais; Educação, Cultura e Inclusão Digital; Geração de Renda e Inclusão Socioprodutiva; Materiais Sustentáveis para Construção e Geração de Energia; Saúde e Saneamento e, a última, Tecnologia de alimentos.
Durante o lançamento da coletânea, o diretor do Inpa, professor Henrique Pereira, falou sobre a importância do material para mostrar que a ciência está se aproximando da sociedade e evidenciando ainda mais o estudo dessas tecnologias. “Esse lançamento é um marco histórico, pois torna completo esse conceito e definição de tecnologia social para a Amazônia”, disse.
Em discurso, o professor ainda chamou atenção para a necessidade de manter viva essa troca de conhecimentos, já que as comunidades locais têm os saberes populares que podem ser extintos. “Assim como as espécies podem ser extintas, as tecnologias também, porque estão ligadas ao saber fazer local, aos modos tradicionais de vida e eles também estão sob ameaça”, destaca. “Portanto, esse livro é um marco, porque deixa um legado para as gerações futuras. Caso esse conhecimento tenha risco de desaparecer, hoje tem um registro e isso cria um valor muito concreto para essa obra”, frisa.
Projetos
A partir da cooperação, as vinculadas desenvolveram três projetos: o Projeto Rede Amazônica de Tecnologia Social, coordenado pela pesquisadora Denise Gutierrez, do Inpa; Projeto Tecnologias Sociais Sustentáveis na Amazônia Central: Manejo de recursos naturais e desenvolvimento regional do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), coordenado por Dávila Corrêa, do Mamirauá; e o Projeto Tecnologias Sociais Sustentáveis Para a Amazônia - Agenda 2030, coordenado por Regina Oliveira da Silva, do MPEG.
Segundo a Denise Gutierrez, o trabalho é importante por ser uma referência e dar visibilidade às tecnologias da Amazônia. “Estamos no Norte, uma das regiões que têm os piores indicadores de desenvolvimento social, de qualidade de vida, de condições de saúde e educação. Então, entendemos que é uma contribuição muito importante para a área do conhecimento e também para os gestores que trabalham com políticas públicas, que formulam legislações que irão promover inclusão social, em várias áreas que precisamos”, frisa.
Segundo Regina Oliveira, do MPEG o projeto proporcionou um olhar ampliado de Tecnologia Social (TS) dentro do Museu Goeldi, o que no passado não era muito relevante e através do projeto foi criado o Observatório de Tecnologia Social do Museu Goeldi, que apresenta as TS desenvolvidas pelo Museu e um espaço para que a sociedade apresente sua TS. “Então a relevância de pensar, fazer, executar e reaplicar tecnologia gera a transformação social para o bem-viver para o bem-estar, para melhoria da qualidade de vida das populações mais vulneráveis, tanto rural como urbana”, ressalta.
Apresentar tecnologia social a quem não conhece é um dos focos da coletânea, um diálogo que quebra barreiras do saber social, é o que defende Dávila Corrêa, do Mamirauá. “Eu convido a olhar para a trajetória e não para ‘um produto final’, a ver como foi esse processo de desenvolver cada tecnologia social, de como as interações humanas acontecem em torno do processo”, pontua. “E isso é o fruto dessa reunião que envolve as três unidades do MCTI presentes na Amazônia”, completa.
A obra foi construída a partir de um projeto de pesquisa, submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) pela pesquisadora Denise Gutierrez.
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